Os erros mais comuns dos escritores
- Alessandro Diniz
- 19 de mai. de 2024
- 5 min de leitura
Escrevendo como um autor/escritor/leitor e, além disso, após ter trabalhado por mais de uma década com a escrita, tanto como consultor para trabalhos acadêmicos quanto para edição de livros e antologias, neste artigo, farei uma síntese dos erros mais comuns cometidos por escritores, de uma forma geral. Incluindo-se aí, eu mesmo. Mas unicamente no contexto da escrita literária, especificamente nas redações em prosa, como contos, crônicas, novelas e romances, por exemplo.
O ato de escrever um texto literário requer não apenas saber ler e escrever, basicamente, requer uma ampla gama de técnicas e cuidados que os autores devem observar e utilizar. Esta postura é o mínimo que um produtor de textos de literatura deve tomar, se deseja ser capaz de uma produção textual literária de qualidade profissional. E, talvez isto possa surpreender, também não exige fundamentalmente que se conheça mais que o básico da norma lingüística. Um texto literário não precisa, necessariamente, ser absolutamente perfeito, no que se refere às normativas da Língua Portuguesa. Uma redação simples, mas cuidadosa, bem escrita, pode ser muito mais valorizada pelo leitor comum que uma obra com linguagem rebuscada e/ou, algumas vezes, com excesso de utilização das normas formais do Português. Por exemplo, o uso excessivo de vírgulas que, apesar de geralmente estarem bem empregadas, tornam a leitura, para um leitor que não seja ainda um escritor ou que não possua o hábito de ler, menos fluída, arrastada e, certamente, entediante.
Portanto, é neste sentido que este trabalho é realizado, com o intuito de apresentar aqueles erros mais comuns para o autor/escritor que, como eu, geralmente, é um leitor por amor à leitura, e poder utilizar essa apresentação para a conscientização das falhas que cometemos e como algumas dicas para escrever melhor. Assim, são eles os principais: a excessiva repetição de vocábulos de variados tipos; a forma complexa e/ou demasiadamente extensa de expor uma ideia ou um contexto; as posições de algumas palavras na formação de uma oração ou frase; o uso em excesso de vírgulas e o uso errôneo de pontos diversos. Apresentados estes, dentre outros, a partir de então, explanarei sobre eles na forma de tópicos:
A excessiva repetição de vocábulos de variados tipos
Como campeão absoluto da lista dos erros mais comuns cometidos por autores/escritores de textos no gênero da prosa está a repetição exagerada dos mais diversos tipos de palavras, vencendo disparado este ranque a reprodução massiva de nomes de personagens, especialmente daqueles que são os protagonistas da história. A repetição dos nomes, algumas vezes, se torna necessária para o natural desenrolar da narrativa. Especialmente quando se tratam de diálogos em que as personagens são íntimas, familiares, por exemplo, pois é normal em uma conversa real. Porém, como já observado, a falha encontra-se essencialmente no excesso.
Pelo segundo lugar, concorrem páreo a páreo a repetição de adjetivos e verbos, sendo reprodução em excesso destes últimos cometidas mais frequentemente, e sem que percebamos enquanto escrevemos. Pior ainda, quando há o agravante de estarem muito próximos. Desta forma, ainda que redundantemente, saliento que o problema em si está na repetição excessiva daqueles vocábulos, e não por serem repetidos. E também da sua proximidade, como apontado.
Como solução, devemos, primariamente, tornarmo-nos cientes deste erro e, então, procurar não cometê-los. Além disso, reler o parágrafo ou o capítulo inteiro, facilmente pode permitir que você encontre o problema e o resolva, simplesmente, substituindo-o por um sinônimo adequado.
A forma complexa e/ou demasiadamente extensa de expor uma ideia ou um contexto
A maneira como apresentamos uma ideia ou um contexto é de fundamental importância para a clara compreensão do que desejamos comunicar, apresentar, contextualizar. Por vezes, é no frenesi de escrever que cometemos as falhas mais comuns ao apresentar qualquer assunto, objeto, situação, momento, sentimento, dentre outros temas. Tendo em mente que isso é algo que fazemos sem darmo-nos conta de fazê-lo, fica mais fácil modificar aquele erro que, normalmente, termina por tornar-se algo habitual.
Quando queremos escrever sobre qualquer coisa que seja ou sobre um determinado contexto em especial, devemos concentrar-nos em descrevê-lo de maneira clara, primordialmente. Porém, devemos ter o cuidado de não nos estendermos exageradamente sobre aquilo que estamos escrevendo. Detalhes são importantes, desde que sejam comedidos, bem delimitados ou, ainda, específicos, dependendo da ocasião. A dica é: quando estiver escrevendo sobre algo, o que quer que seja, se for possível, procure imaginar a cena, o objeto, a situação, etc. Se for um sentimento, sinta-o. Procure em sua mente alguma lembrança ou caso que te ajude a visualizar o que você quer descrever.
As posições de algumas palavras na formação de uma oração ou frase
Este tópico está diretamente relacionado com o que foi apresentado anteriormente e poderia ter sido abordado lá. No entanto, eu decidi abordá-lo separadamente, pois é algo muitíssimo comum de ser encontrado em um texto, palavras dentro de uma oração ou mesmo em uma frase, geralmente adjetivos, advérbios e locuções gramaticais, em posições que dificultam não somente a leitura, mas prejudicam a visualização e/ou a contextualização daquilo que desejamos que o leitor veja, compreenda, perceba e, ainda, que ele sinta.
Portanto, é essencial que estudemos a forma como vamos expor qualquer assunto ou contexto, qualquer coisa sobre a qual estejamos escrevendo, descrevendo, mostrando, apresentando. Novamente, a dica é a releitura daquilo que acabamos de escrever, até que esta atitude se transforme em algo natural, que você aplicará mecanicamente, tornando sua composição textual melhor, aprimorada.
O uso em excesso de vírgulas e o uso errôneo de pontos diversos
Como abordado na introdução deste artigo, muitos dos erros que cometemos ao construir uma história ocorrem porque não estamos conscientes deles, e não porque não temos capacidade básica para escrevê-la. Nós os fazemos sem que percebamos. Outras vezes, porque estamos tão concentrados em escrever, que esquecemo-nos do cuidado que devemos ter para que a redação seja clara, sucinta, fácil de ser visualizada e entendida com facilidade pelo leitor comum, que não escreve, mas apenas ama ler. Outra vez, saliento que, em certas situações, o emprego gramatical está absolutamente correto, contudo, excessivamente, torna-se um fator que pode prejudicar a leitura, tanto por aqueles que têm o prazer por ler como os que não têm este costume, e até por outros motivos quaisquer.
Para o leitor/autor/escritor, um texto com várias pausas, bem colocadas, acertadamente bem aplicadas, utilizando-se de vírgulas – principalmente – ou ponto e vírgula, ou ainda o ponto final, quando se trata de orações ou frases curtas que complementam ou encerram uma ideia ou um contexto é absolutamente extasiante, prazeroso. Mas, devemos ter em mente, quando produzimos um texto literário prosaico, que muitos leitores não têm a desenvoltura para ler uma redação mais clássica, com vocábulos elegantes, porém, por vezes, obsoletos ou ainda desconhecidos. A não ser que o seu desejo seja, exatamente, a produção textual para um público leitor específico, que estará apto a absorver o que o seu texto expõem.
Um pouco menos comum é o emprego de pontos de maneira equivocada. Comumente, o ponto de exclamação que, por vezes, sequer pode-se dizer que está errada. Mas devemos utilizá-lo com cautela. Ou parecerá que a personagem está gritando. Outro fator que até pode ser utilizado, mas não é algo formal, é a repetição dos pontos de exclamação, acreditando que se dará a ênfase desejada para a oração ou frase. Ainda pode-se observar a falta de pontuação adequada para frases longas, que podem ficar bem melhor escritas se acertadamente dividas, através do uso do ponto final, construindo orações menores para a composição frasal.
Por Alessandro Diniz
Espero que este artigo possa ajudar a aprimorar a sua escrita, através da conscientização de erros que cometemos ser perceber.
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